O Som do silêncio

Percebi a algum tempo que meu irmão andava estranho. Não por fora, mas por dentro. Dentro de algo chamado "Coração". E eu me sentia culpado em parte por causa disso. Será que eu devia ter contado desde de o início, o que Áustria me disse? Eu já não sei, estou em dúvida. No passado diria fortemente um "Não". Mas, vendo ele sofrendo, me pergunto se o que fiz no passado foi certo.

Aliás, foi por isso mesmo que fiz. Para impedir essa tristeza toda. Não sei o que ele faria se descobrisse seu passado. Será que ele seguiria seu objetivo até o final? E se me deixasse?! Eu...Não conseguria viver sem meu Bruder novamente, uma vez que um dia eu o deixei... E não voltei mais.

Será que ele me daria o mesmo gosto amargo da solidão que passou há muito tempo? Mas, na verdade, o dele deve ter sido pior. Eu menti para ele, falando que era bom ficar sozinho. Ele leu livros, jogou jogos sozinhos, aprendeu tudo sem minha presença. E, nos poucos momentos que lembro com Meu Bruder criança, ele não me tratava bem como um irmão. Tratava como um herói, aqueles que você admira, mas nunca vê. Me batia uma tristeza.Hoje, sai no horário de sempre, 11 horas da noite. Cheguei por volta de 11:25 hrs em casa. Meu irmão estava no meio de uma bagunça um tanto quanto grande.

Copos, Livros abertos, restos de comida chinesa, cervejas vazias. Uma mistura de coisas que cheirava a depressão. E ele nem havia havia sequer arrumado o cabelo, aliás, nem na Oktoberfest havia ido. Comecei a chamar pelo seu nome, em um tom baixo. Nenhuma reação sequer.

Pensei que algo de horrível havia acontecido. Alguém morreu, por exemplo. Ouvi um certo silêncio enloqüecente. Então, não me contive. Balancei Ludwig várias vezes, o chamando-o para o mundo real. Não ouvi nenhum som vindo de meu irmão. Vendo que seria inútil, eu me sentei do lado dele, bem perto. Acho que era assim que o Ludwig criança queria que eu fosse? Bem apegado, preocupado, sempre lá para as piores coisas que podia haver. Mas que infelizmente ele passou isso sozinho.

Um pequeno tempo passou sem eu perceber, e, então, o chamei.

- ...Ludwig... - Foi o que disse. Falei seriamente, afinal, talvez o que estamos passando agora, seja algo que fique marcado para sempre. - Você não vai falar comigo? - Infelizmente, nada ouvi de meu bruder. Minha preocupação foi aumentando... Até que resolvi colocar a cabeça no lugar, e comecei a pensar.

"Isso começou logo após dele visitar a casa do Feliciano, teria algo haver? Se sim, o que teve de tão sério? Se não, onde está errado? Na vida dele agora, ou no passado?" - Esse pensamento me torturava, porque, dependendo da coisa, EU podia ser o motivo disso tudo. Inconscientemente, fui perguntando para meu irmão. Um irmão que parecia mudo.

- O que aconteceu? Foi na casa do Feli-chan?... Fala Comigo!! - Essa foi a fala do Desespero contido em mim.

- Não é da sua conta... - Foi o que ele me disse friamente. Embora eu não tenha demostrado, fiquei em choque.

Senti que não havia como mudar algo. Mas o que não dava para mudar? Aliás, o estou falando?! Eu sou mesmo essa pessoa que está do lado de Ludwig?! Onde está aquelas minhas frases feitas? Onde está aquela alegria? Onde está aquele sentimento de impunidade que havia em mim?

Impune? Eu? Estava até a poucos dias vivendo a vida curtindo com os amigos, fugindo do Rússia por motivo de um trauma, e esperava não ter nada errado no final? Pff, que infantilidade a minha. Acho que tenho que concordar com aquele Aristocrata Desmiolado. Devia ter contado desde o ínicio. Mas, e se não for bom para Ludwig? O que faço Pelamor de Deus!?

Então, pensei que talvez, Feliciano podia entendê-lo um pouco. Afinal, eram amigos, aliás, eram mais que amigos. Só que não sei se realmente conto.

- Talvez você devesse visitar ele de novo... - Disse isso, meio inseguro. Mas ouvi apenas o silêncio irritante, um silêncio que queria destruir de qualquer jeito. - Quando você fica com ele, você parece estar realmente feliz. Se você não for até ele, vou chamar ele aqui!

- Ele não vai vir. - Foi essa a simples resposta.

- Por que?! - Me irritei novamente. Mas não recebi nada devolta. Apenas um Silêncio. Fiquei por lá por um bom tempo, Até que percebi o horário de relógio.

Quando vi que ficaríamos Naquela situação até o fim da noite, eu me levantei, e pequei uns cobertores e tirei as almofadas do sofá.

- O que vai fazer? - Ele perguntou quando eu forrava o chão com os cobertores. Juro que fiquei feliz quando ouvi a voz dele novamente. Então, sorri. E lhe falei com toda alegria:

- Vou passar a noite aqui com você. - O tom que falei parecia um pouco infantil, mas, era porque realmente estava feliz, e continuei. - Eu não vou sair do seu lado.

"Nem nesse momento, nem nos vários outros que podem vir, meu pequeno Deutschland"


[OFF: Tentei o máximo possível essa joça ficar legal x_x' Espero que mais pra frente não venha algo que acabe comigo -n

Achei tão bonitinho Gil-chan falando que ia dormir com ele *---*'

E que venha as próximas partes \o/]